O CORAÇÃO E A PERVERSÃO

Nas páginas das Escrituras Sagradas, tanto do Antigo como do Novo Testamentos, o coração é o vocábulo mais completo para indicar o centro todas as faculdades humanas.

O coração pode ser encontrado significando os sentimentos (Rm 9.2), a vontade (1Co 4.5) e o intelecto (Rm 10.6). É assim apontado o homem interior, o homem essencial, aquela porção da personalidade humana que possui os meios naturais através dos quais todo o homem deveria elevar seu conhecimento de Deus a níveis mais altos, em gratidão. Todavia, é justamente o coração que pode se tornar obscurecido e perverso.

O coração pode ser o lar do Espírito Santo: “Ora, a esperança não confunde, porque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado.” (Rm 5.5) Ou a maldade pode dominá-lo: “Por isso, Deus entregou tais homens à imundícia, pelas concupiscências de seu próprio coração, para desonrarem o seu corpo entre si;” (Rm 1.24).

Há uma passagem do evangelho de Marcos que alista os vícios que podem proceder do homem interior, ali também chamado de coração.

Porque de dentro, do coração dos homens, é que procedem os maus desígnios, a prostituição, os furtos, os homicídios, os adultérios, a avareza, as malícias, o dolo, a lascívia, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura. Ora, todos estes males vêm de dentro e contaminam o homem. (Mc 7.21-23)

Acertadamente Paulo diz: “porquanto, tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato.” (Rm 1.21) O apóstolo descreve de forma abreviada como as faculdades naturais do homem, que lhe permitem conhecer a Deus e a ter comunhão natural com ele, foram pervertidas, por meio de uma degeneração progressiva, mediante a rejeição proposital do conhecimento de Deus e consequentemente da distorção da verdade. Tudo que faz parte do primeiro deslocamento do homem para fora da harmonia original que ele desfrutava com Deus no Éden é perversão.

Os homens tornam-se ímpios por causa da insensatez e perversão dos corações e só podem pensar corretamente quando estão com o coração em harmonia com Deus. Portanto, é o coração que identifica o homem quanto à sua capacidade moral e espiritual. São oportunas aqui as palavras do escritor português José Maria Eça de Queiroz (1845-1900): “É o coração que faz o caráter.”

Como está o seu coração? Rev. Ronaldo Bandeira Henriques.