Quando, pois, os gentios, que não têm lei, procedem, por natureza, de conformidade com a lei, não tendo lei, servem eles de lei para si mesmos. Estes mostram a norma da lei gravada no seu coração, testemunhando-lhes também a consciência e os seus pensamentos, mutuamente acusando-se ou defendendo-se, no dia em que Deus, por meio de Cristo Jesus, julgar os segredos dos homens, de conformidade com o meu evangelho. (Romanos 2.14-16)
“Estes mostram a norma da lei gravada no seu coração”, ou seja: os ímpios provam que há impressa em seus corações certa discriminação e juízo, por meio dos quais podem distinguir entre justiça e injustiça, honestidade e desonestidade. Paulo não diz que a obra da lei se acha esculpida na vontade, de modo a buscarem-na e perseguirem-na diligentemente, mas que se acham tão assenhoreados pelo poder da verdade, que não têm como desaprová-la. Não teriam instituído ritos religiosos, se não estivessem convencidos de que Deus deve ser adorado; nem se envergonhariam de adultério e de latrocínio, se os não considerassem como algo em extremo nocivo.
Não há qualquer base para deduzir-se desta passagem o poder da vontade, como se Paulo dissesse que a observância da lei é algo que se acha em nosso poder, visto que ele não está falando de nosso poder de cumprir a lei, e, sim, de nosso conhecimento dela. O termo coraçãonão deve ser considerado como a sede das afeições, mas simplesmente como se referindo ao entendimento, como em Deuteronômio 29.4: “porém o Senhor não vos deu coração para entender”; e Lucas 24.25: “Ó néscios e tardos de coração para crer [=entender] tudo o que os profetas disseram!”
Não podemos concluir desta passagem que há no ser humano um pleno conhecimento da lei, mas tão-somente que há algumas sementes de justiça implantadas em sua natureza. Isto é evidenciado por fatos como estes, a saber: que todos os gentios, igualmente, instituem ritos religiosos, promulgam leis para a punição do adultério, do latrocínio e do homicídio, e louvam a boa fé nas transações e contratos comerciais.
Assim, eles provam seu conhecimento de que Deus deve ser cultuado, que o adultério, o latrocínio e o homicídio são ações perversas, e que a honestidade deve ser valorizada. Não é o nosso propósito inquirir sobre que tipo de Deus eles o tomam, ou quantos deuses eles têm inventado. É suficiente saber que acreditam que há um Deus, e que honra e culto lhe são devidos.
Se até os gentios ou ímpios evidenciam certo temor a Deus e você como tem mostrado a norma da lei gravada em seu coração? Rev. Ronaldo Bandeira Henriques.